quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Relacionamentos

AMOR

A ARTE DOS RELACIONAMENTOS NOS DIAS DE HOJE


A preocupação do ser humano com o amor e com o parceiro não é de hoje. Aliás, pelo que conta a Bíblia, vem desde o começo dos tempos. Já,o casal, Adão e Eva tinham os seus problemas. Mesmo no paraíso, ainda assim, não pareciam estar satisfeitos, depois de um tempo, talvez tenham caído na rotina e ido em busca de algo diferente.Tanto que, Eva não resistiu à tentação e acabou provando o “ fruto proibido”. Depois disto, de acordo com a história, instalou-se um período de turbulência, de caos, em que os “pecadores” deveriam sofrer pelo que fizeram, ou seja, por terem corrompido a ordem, por terem ultrapassado os limites... Há quem diga que a culpa foi de Adão, que induziu Eva a desobedecer, que dela se utilizou para ver o que aconteceria, para saciar a sua curiosidade.Outros dizem que Eva ficou enfeitiçada pela serpente...
De qualquer forma, fica a impressão de que os dois não mais se bastavam, que aquela vida de exclusividade, de viverem um para o outro acabou por perder seu encanto...
E, na verdade, dá para compreendê-los. Mesmo o casal mais apaixonado, em pleno período de paixão, necessita de um certo distanciamento. Aquela distância regulamentar necessária para existir, para continuar sendo um indivíduo.
É, em muitos relacionamentos, esta a principal dificuldade: ser um casal e continuar sendo “eu”. Muitas vezes o “eu” se perde no “tu” e no “nós”, pois deixamos de ser o que somos para agradar o parceiro, para conquistá-lo, para darmos continuidade à relação...São muitos os motivos e todos bem intencionados pois, na maioria das vezes, ninguém percebe que está se despersonalizando, é um abrir mão daqui outro dali e, quando dão-se conta, o seu próprio desejo, suas vontades e necessidades perderam-se neste emaranhado de tentar manter viva a chama do amor. Sentimentos de não se reconhecer mais são comuns, de estar misturado com o outro, onde as fronteiras do meu “self”e do outro estão borradas, não são mais nítidas. No início, isto pode até parecer romântico, do tipo: a gente tem os mesmos gostos, tudo o que ele quer eu quero, sempre concordamos um com o outro, enfim, a gente pensa igual! É claro que as afinidades ajudam a manter a harmonia do casal, é importante que existam objetivos e projetos em comum, mas igualmente importante é cultivar e preservar o espaço de cada um, de forma que as características individuais sejam respeitadas, que cada um dos cônjuges continue se reconhecendo como a pessoa que é, sem se misturar demais com o outro, sem esquecer de seus próprios sonhos, de sua história, de seus jeito de ser, de modo que haja um equilíbrio entre o pensamento e os sentimentos dos indivíduos e do casal. Não é uma tarefa fácil... Cada vez mais, mulheres e homens expressam suas diferenças, principalmente depois que as mulheres adquiriram maior liberdade sexual e financeira, pois em função desta revolução, muitas mudanças vêm ocorrendo nas famílias, uma vez que as mulheres já não aceitam mais se submeterem às regras do domínio masculino. Por outro lado, os homens têm reivindicado mais espaço junto aos filhos, têm dividido as responsabilidades de sustento do lar com as companheiras e também têm-se permitido mostrar mais seus sentimentos. Com tudo isso, muitos casais sentem-se perdidos, não sabem como agir, se confundem, oscilam entre dependência e
desligamento afetivo. Alguns relacionamentos tornam-se superficiais outros são só de aparência, os vínculos são frágeis, a busca de prazer e satisfação fora do casamento aparece como uma solução, são relações extra-conjugais que encobrem as reais dificuldades que existem em manter vivo um casamento, um relacionamento a dois. Justamente aí parece estar a chave do problema: antes de sermos dois, precisamos ser um ! Se não gostarmos de nós mesmos, quem vai gostar? É preciso que se faça um investimento em si-mesmo, na manutenção de um narcisismo saudável, capaz de sustentar nosso amor-próprio, para que acreditemos que valemos a pena! É comum observarmos que em casais bem sucedidos e felizes, cada um possui o seu próprio espaço, dentro do qual sua auto-estima pode se desenvolver, o crescimento individual é incentivado e valorizado pelo outro, existem trocas e receptividade. Quanto mais cada um sentir-se valorizado, compreendido e livre mais se sentirá acolhido e amado, surgindo uma cumplicidade , a qual fortalecerá os vínculos amorosos e despertará o desejo de estar com aquela pessoa que lhe faz tão bem.
Vinícius de Morais, na sua sabedoria de poeta maior do amor e da arte dos relacionamentos escreveu : “ por céus e mares eu andei, vi um poeta e vi um rei, na esperança de saber o que é o amor...”

Adriana Davoglio Ribas – psicóloga clínica, psicoterapeuta de famílias, casais, adultos,crianças e adolescentes.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

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